segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Inferno do Homem



Não é tanto pela sua omnipresença
Que a senhora da destruição é temida.
Divina bipolar dilaceradora da crença
De que de algum modo poder ser detida.

Entre nós desde os primórdios da criação.
Desafiando o Altíssimo Eva pegou a maçã proibida
Abdicando da eternidade cedeu à tentação,
Das entranhas do pecado a rainha ganhou vida.

Orgulhosa ímpia cujo apanágio é a destruição,
O veneno do medo coloca nas entranhas dos corajosos.
Questionando a lógica e desafiando a razão
Ao adiar o fim aos que por ele estão desejosos.

Nem mesmo o visionário do amor escapou
E nas garras dela o último suspiro entregou.
Em Gólgota pregado à cruz pelo Pai suspirou
Pelo perdão da assassina que a sua alma levou.

Espírito Emancipado


Matéria, a que deves tu a tua existência?          
Suspira o espírito que na miséria presa está…
Inaudível sopro divino do corpo fez residência,
Ulula magnificência que na exígua prisão persistirá.

Prisioneiros de nós mesmos,
Axioma indelével pela realidade ignorado…
Pungente escrava na escuridão dos abismos,
Escrava da vontade de um corpo apodrecido.

Tu disso és muito mais,
És fruto da consonância com o inconcebível…
A esta rocha que somos nós, não mais te entregais,
Estais além de nós, além do descritível.

Cansado do jugo do ódio faz-te fugitiva,
Concede-me esse refrigério e não mais voltais.
Acrimonia, dessa a minha alma é esquiva,
Evito ver-te nas mãos daqueles que da violência são pais.

A tua liberdade o meu regozijo encontrará,
Presciência de quem os ventos sabe escutar.
A tua emancipação tamanha ignomínia apagará,
Aquela que a avareza fez o mundo professar.

Liricamente Incompleto

Bem-vindo a esta viagem pelo meu âmago
Visita às entranhas de um soldado outrora dilacerado.
Rebelde, inaudito, selvagem conquistado
Por uma mulher que deu vida ao que estava acabado.

Perscrutando um coração que não é santo,
Vês que nada escondo atras de um manto,
Descobres que amor, compaixão é tudo que planto
Sustento o mundo com os braços nos quais encontras descanso.

Podia ser mais um propagador de niilismo,
Compromisso cobarde apanágio do cristianismo.
Agarro fortemente o simplicismo
Faço uma dedicação, não propaganda ao liricismo.

Doce, empresta-me um pouco do teu dom de amar
Que faz-me ir à lua e voltar.
Longa viagem que me faz imprecar
Pelo ar que o teu sorriso ousa-me tirar.

Liricamente incompleto
Tentando descrever-te sinto-me analfabeto.
Dúvidas lancinantes penetram o intelecto
Falando do divino incapaz de descrever o afeto.

Iniquidades sociais tornam marginais
Raros milagres que se tornaram banais.
Semblante divino que no teu quarto confinais
Perpetuando nesse espirito sentimentos incondicionais.

Num revolucionário foste a revolução
Aceleração, sopro de um gasto coração.
A tua essência desafia a razão,
Na desumanidade fizeste nascer compaixão.

Um improviso livre de dor que prevaleceu,
O sorriso, prova do orgulho de cada passo teu.
Tudo que preciso nesse olhar tão meu,
Regozijo pela maior obra que Deus concebeu.