sábado, 10 de agosto de 2013

Algo em que acreditar



Devo eu a minha existência ao acaso?
Ou será o Criador um Pai ausente?       
Terá sofrido a sua omnipotência um atraso
Agonizando as dores da incerteza existente?

Mais uma vez no vazio afogar-me-ei,
A bruma do desespero o horizonte cobrirá
Vou pegar dúbia água da duvida e brindarei,
À chama da fé que ontem apaguei.

Eu sei que nada alcançarei,
A outra face para o soco da verdade darei.
Espero pelo fim do combate já derrotado,
No palco da vida finjo que em algo acreditei.

Se em Jesus não acreditar,
O que motivar-me-á a ser humano?
Se eu em Deus acreditar,
Como não sentirei algo Nele desumano?
Se nada existe além da sobrevivência
Onde se encaixa o pecado?
Do bem não poderá haver exigência,
Se o homem matar por estar esfomeado.

Preciso de algo em que acreditar…

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Amanhecer



Eu sei, mais fácil por vezes desistir parece,
No silêncio te encontra e recita esta prece:
“Para cada noite escura,
Existe um amanhecer que para sempre perdura”.

Por mais dura possa a caminhada ser,
A essência divina em ti não deves esquecer.
Felicidade, meta essa que sentido dá à vida,
Semblante levantado, nenhuma batalha está perdida.

Sufocado por vezes vais-te encontrar,
Como corda ao pescoço desespero te irá asfixiar.
Quando em ti esse demónio pairar,
À luz deves rumar que a escuridão se irá dissipar.

Muitas tempestades o teu âmago percorrerão,
Não só o amor desse músculo ao qual chamas coração
Esses temporais, lancinantes que são, varrerão…
Sementes do ódio, nas tuas entranhas arreigarão.

Quando florescerem, e sim florescerão,
Tu o destino desta erva daninha controlarás.
A ti, somente a ti, caberá árdua decisão,
Se a alimentarás ou com amor a ceifarás.

O amor é redentor,
Remédio que é para toda a dor
Como vida que é, alimentado precisa de ser,
Pois nas mais áridas mãos de sede irá parecer.

A equidade deves escolher,
E a verdade certamente irás colher.
Cair certamente opção não é,
Opção é levantares-te e meteres-te de pé.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Inferno do Homem



Não é tanto pela sua omnipresença
Que a senhora da destruição é temida.
Divina bipolar dilaceradora da crença
De que de algum modo poder ser detida.

Entre nós desde os primórdios da criação.
Desafiando o Altíssimo Eva pegou a maçã proibida
Abdicando da eternidade cedeu à tentação,
Das entranhas do pecado a rainha ganhou vida.

Orgulhosa ímpia cujo apanágio é a destruição,
O veneno do medo coloca nas entranhas dos corajosos.
Questionando a lógica e desafiando a razão
Ao adiar o fim aos que por ele estão desejosos.

Nem mesmo o visionário do amor escapou
E nas garras dela o último suspiro entregou.
Em Gólgota pregado à cruz pelo Pai suspirou
Pelo perdão da assassina que a sua alma levou.

Espírito Emancipado


Matéria, a que deves tu a tua existência?          
Suspira o espírito que na miséria presa está…
Inaudível sopro divino do corpo fez residência,
Ulula magnificência que na exígua prisão persistirá.

Prisioneiros de nós mesmos,
Axioma indelével pela realidade ignorado…
Pungente escrava na escuridão dos abismos,
Escrava da vontade de um corpo apodrecido.

Tu disso és muito mais,
És fruto da consonância com o inconcebível…
A esta rocha que somos nós, não mais te entregais,
Estais além de nós, além do descritível.

Cansado do jugo do ódio faz-te fugitiva,
Concede-me esse refrigério e não mais voltais.
Acrimonia, dessa a minha alma é esquiva,
Evito ver-te nas mãos daqueles que da violência são pais.

A tua liberdade o meu regozijo encontrará,
Presciência de quem os ventos sabe escutar.
A tua emancipação tamanha ignomínia apagará,
Aquela que a avareza fez o mundo professar.

Liricamente Incompleto

Bem-vindo a esta viagem pelo meu âmago
Visita às entranhas de um soldado outrora dilacerado.
Rebelde, inaudito, selvagem conquistado
Por uma mulher que deu vida ao que estava acabado.

Perscrutando um coração que não é santo,
Vês que nada escondo atras de um manto,
Descobres que amor, compaixão é tudo que planto
Sustento o mundo com os braços nos quais encontras descanso.

Podia ser mais um propagador de niilismo,
Compromisso cobarde apanágio do cristianismo.
Agarro fortemente o simplicismo
Faço uma dedicação, não propaganda ao liricismo.

Doce, empresta-me um pouco do teu dom de amar
Que faz-me ir à lua e voltar.
Longa viagem que me faz imprecar
Pelo ar que o teu sorriso ousa-me tirar.

Liricamente incompleto
Tentando descrever-te sinto-me analfabeto.
Dúvidas lancinantes penetram o intelecto
Falando do divino incapaz de descrever o afeto.

Iniquidades sociais tornam marginais
Raros milagres que se tornaram banais.
Semblante divino que no teu quarto confinais
Perpetuando nesse espirito sentimentos incondicionais.

Num revolucionário foste a revolução
Aceleração, sopro de um gasto coração.
A tua essência desafia a razão,
Na desumanidade fizeste nascer compaixão.

Um improviso livre de dor que prevaleceu,
O sorriso, prova do orgulho de cada passo teu.
Tudo que preciso nesse olhar tão meu,
Regozijo pela maior obra que Deus concebeu.